DE OS SERTÕES A DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL: FORMAÇÃO E TRANSMISSÃO DO HORIZONTE DE
EXPECTATIVAS EM TORNO DO PAR BEATO – CANGACEIRO
Nome: MARIA CLÁUDIA BACHION CERIBELI
Data de publicação: 14/11/2024
Banca:
Nome | Papel |
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EDNA DA SILVA POLESE | Examinador Interno |
MARLUCIA MENDES DA ROCHA | Examinador Externo |
PAULA REGINA SIEGA | Presidente |
RICARDO OLIVEIRA DE FREITAS | Examinador Externo |
VITOR CEI SANTOS | Examinador Interno |
Resumo: O presente trabalho tem por premissa investigar o processo de formação e transmissão do
horizonte de expectativas em torno do par beato-cangaceiro, de Os Sertões (1902), de Euclides
da Cunha a Deus e o diabo na terra do sol (1964), de Glauber Rocha, orientada pela Estética
da Recepção de Hans Robert Jauss. Inicia-se a pesquisa pela investigação da presença de beatos
e cangaceiros em obras anteriores ao texto euclidiano, observando-se como essas figuras
aparecem nas narrativas, para, em seguida, analisar a obra Os sertões, visando apresentar
elementos que identificam o horizonte que resultou da forma como beatos e cangaceiros
aparecem no texto de Euclides, e como esse horizonte será fortalecido em obras posteriores,
como Geografia da fome (1946), que se revela um texto rico em referências literárias. Seu autor,
Josué de Castro, não era apenas um pesquisador da área da saúde, mas também possuía forte
ligação com a literatura. Investigando algumas das obras citadas por Josué de Castro, a pesquisa
registra indícios da formação do par beatos e cangaceiros em Os Sertões (1902), e seu
fortalecimento em Beatos e cangaceiros (1920), de Xavier de Oliveira, A Bagaceira (1928) de
José Américo de Almeida e O Quinze (1930), de Rachel de Queiroz. Observa-se que a formação
e o fortalecimento de um horizonte de expectativas em torno do referido par vai sendo
construído, até sua incorporação aos romances Pedra Bonita (1938) e Cangaceiros (1953), de
José Lins do Rêgo. Por fim, procede-se à análise da recepção do horizonte de expectativas
literário dos personagens beatos-cangaceiros no filme Deus e o diabo na terra do sol (1964),
observando-se como, no processo de recepção desse horizonte, Glauber Rocha contribui para
subvertê-lo.