HUMOR SURDO E PERFORMANCE NAS PIADAS PRODUZIDAS POR ALBERTO OLIVEIRA LEITE
Nome: AMANDA CAROLINE FURTADO FREITAS
Data de publicação: 28/02/2023
Banca:
Nome | Papel |
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ANDRESSA ZOI NATHANAILIDIS | Examinador Interno |
ARLENE BATISTA DA SILVA | Presidente |
RACHEL SUTTON-SPENCE | Examinador Externo |
Resumo: O presente trabalho relaciona-se à temática do humor surdo e da performance nas piadas em Libras. Trata-se de uma pesquisa documental, cuja fonte principal são registros audiovisuais. A abordagem teórica utilizada está ancorada nos estudos
sobre o Humor (BERGSON, 2018; BAKHTIN, 2002; PROPP,1992; POSSENTI, 1998), a performance (ZUMTHOR, 2018) e a literatura em Libras (SUTTON-SPENCE, 2021; MORGADO, 2011). O objetivo central é descrever e analisar as piadas em vídeo sinalizadas pelo autor surdo capixaba Alberto de Oliveira Leite, a fim de compreender como os aspectos estético-literários, culturais e performáticos
geram um efeito cômico responsável pela construção do humor nessas narrativas. Os resultados da análise revelaram que o autor possui um domínio tanto da organização lógica das narrativas cômicas quanto dos recursos estético-literários da Libras como no uso da incorporação, pois consegue mudar sua forma corporal em segundos para representar um personagem e imediatamente voltar à forma anterior. Ele também utiliza outros recursos a depender dos efeitos cômicos que quer gerar na narrativa, a saber: a) intensificação do ritmo; b) aumento ou redução da velocidade das cenas; c) uso do zoom, quando quer ampliar uma imagem; d) uso
do slowmotion, quando quer destacar um detalhe da cena para o público. O exagero e o grotesco são abundantes nas formas corporais criadas pelo humorista. É notável sua habilidade para dilatar corpo, criando imagens exageradas e grotescas que
beiram o absurdo, logo, provocam o riso. Embora, essa dilatação do corpo se mostre de forma aparentemente espontânea, trata-se de um processo complexo que exige um grande domínio das partes do corpo em movimentos que são planejados na mente do autor, uma espécie de escultura que se refaz a cada instante ao longo da narrativa. A arte performática de Alberto faz rir pelas formas corporais e também pela crítica à ordem estabelecida. Nas piadas clássicas, por exemplo, ocorre a exaltação da cultura e dos valores da comunidade surda; nas piadas contadas no concurso Humor surdau aparece o deboche, a zombaria aos defeitos humanos e aos revezes da vida. Assim, os resultados desta pesquisa evidenciaram de forma clara o valor estético e a riqueza literária que se materializam no corpo poético do autor.