ENTRE PALAVRAS, LAÇOS E REDES: UMA LEITURA DE POLÊMICAS E
CENSURAS À LITERATURA INFANTIL NO BRASIL CONTEMPORÂNEO,
SUSCITADAS A PARTIR DAS REDES SOCIAIS

Nome: FABIANA MONNERAT DE MELO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 18/12/2020
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MARIA AMÉLIA DALVI SALGUEIRO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ADRIANA PIN Suplente Externo
ANDRÉA ANTOLINI GRIJÓ Examinador Externo
ARLENE BATISTA DA SILVA Suplente Interno
MARIA AMÉLIA DALVI SALGUEIRO Orientador
RAFAELA SCARDINO LIMA PIZZOL Examinador Interno

Resumo: Trata-se de estudo compreensivo de polêmicas contemporâneas (no período
simultâneo e imediatamente posterior ao Golpe Jurídico-Midiático-Parlamentar
de 2016, no Brasil) envolvendo a Literatura Infantil; o recorte centra-se
particularmente em polêmicas surgidas e/ou alimentadas pelas redes sociais e
que tiveram como alvo os seguintes títulos ficcionais: O menino que espiava pra
dentro, de Ana Maria Machado, e “A triste história de Eredegalda”, reconto de
José Mauro Brant. A questão central a ser respondida é, portanto: “Qual a lógica
subjacente aos fenômenos contemporâneos de repetidos ataques nas redes
sociais, visando à censura e ao silenciamento da produção ficcional para a
infância, que se apresentam sob a capa de proteção e cuidado com as
crianças?”. As polêmicas envolvendo os títulos literários do recorte da pesquisa
são indagadas principalmente a partir de um referencial teórico-metodológico
psicanalítico (a partir da teorização de Françoise Dolto e de Sigmund Freud), em
correlação com estudos sobre a circulação dos discursos (atentando
especificamente aos fenômenos da censura e do silenciamento contemporâneo
nas redes sociais, a partir das reflexões de Deonísio da Silva, Eni Orlandi e da
própria Ana Maria Machado). Alinham-se, ainda, noções atinentes ao campo
literário (particularmente centradas nas questões da leitura literária e da
formação do leitor literário, hauridas em autores como Ana Maria Machado,
Antonio Candido, Maria Amélia Dalvi, Marisa Lajolo e Regina Zilberman. As
conclusões do estudo apontam que os ataques às obras literárias na
contemporaneidade atingem a infância, pois os adultos que interditam ou
querem interditar o literário não consideram que, se há um sofrimento, ele deva
ser escutado; não consideram que a leitura literária requer reflexão e requer
também, da parte do adulto, contato com a criança que um dia foi. Sob censura
e silenciamento, há perda de debates frutíferos e importantes sobre os temas
que são inerentes ao humano – sobram, portanto, vazio, rompimento,
devastação do simbólico e faltam deslizamentos significantes, metáforas,
ludicidade e alimento subjetivo afetivo. Do ponto de vista do fenômeno das redes
sociais, as conclusões apontam que os laços sociais se emaranham na rapidez,
e os sujeitos, movidos pela experiência de consumo e pelo número de objetos
disponíveis, são captados facilmente pela lógica das redes e pelas informações
que elas comportam: os comentários aparecem em enxurrada, com termos
pouco reflexivos e muito repetitivos – por isso mesmo, pedem a interdição da
leitura de obras literárias consideradas inadequadas para a infância; terminam
por indiciar, à própria revelia, que essas obras perturbaram visões de mundo que
pretendiam silenciar questões fundamentais para a humanidade em nós: o fato
de as polêmicas existirem é um atestado de que elas tocaram em temas
“esquecidos” pela sociedade, mas que, nem por isso, desaparecem.
Palavras-chave: Literatura infantil. Censura. Redes sociais. Psicanálise.
Mediação de leitura.

Acesso ao documento

Transparência Pública
Acesso à informação

© 2013 Universidade Federal do Espírito Santo. Todos os direitos reservados.
Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras, Vitória - ES | CEP 29075-910