AUTOFICÇÃO E JUSTIÇA: DA LIBERDADE À RESPONSABILIDADE DO AUTOR
Nome: FLORA VIGUINI DO AMARAL
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 20/02/2020
Orientador:
Nome | Papel |
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FABÍOLA SIMÃO PADILHA TREFZGER | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ANDRÉIA PENHA DELMASCHIO | Examinador Externo |
FABÍOLA SIMÃO PADILHA TREFZGER | Orientador |
KEILA MARA DE SOUZA ARAUJO MACIEL | Examinador Externo |
MICHELE FREIRE SCHIFFLER | Suplente Interno |
NELSON MARTINELLI FILHO | Examinador Interno |
Páginas
Resumo: RESUMO
A autoficção atrai a atenção de uma gama de estudiosos desde que o termo foi cunhado, em
1977, pelo professor e teórico francês Serge Doubrovsky. Nas últimas décadas, as principais
pesquisas sobre o dispositivo contemplam o estudo de temas como gênero, recepção e efeitos
estéticos em obras lidas como autoficções. Não obstante, a autoficção também suscita
questões éticas: na contemporaneidade proliferam casos de pessoas que recorrem à justiça por
sentirem que seu direito à privacidade foi violado em romances cujo autor desvela a própria
vida e a de outros. Nessas querelas e polêmicas envolvendo obras autoficcionais há de um
lado os escritores que exigem valer seu direito de expressão e, de outro, sujeitos retratados
nesses romances que não querem ter a intimidade exposta. Assumindo a importância de uma
discussão em torno dessas questões éticas e considerando que esse tema ainda é discutido de
forma incipiente na produção acadêmica brasileira, esta tese pretende investigar como a
justiça sistematiza e avalia a atitude do escritor nesses processos. Para o desenvolvimento
dessa investigação, levarei em conta os seguintes questionamentos: há censura na produção
literária recente? Escrever acerca dos outros, a começar dos mais próximos, sobre os quais são
feitos comentários talhantes, exige responsabilidade do escritor? Como narrar o outro em
obras lidas sob o prisma da autoficção? Essas questões serão relacionadas aos romances
franceses LInceste (1999) e Les Petits (2011), de Christine Angot, Histoire de la violence
(2016), de Édouard Louis, e Le Livre brisé (1989), de Serge Doubrovsky; bem como às obras
brasileiras Divórcio (2013), de Ricardo Lísias, e Os Visitantes (2016), de Bernardo Kucinski,
na busca de uma análise pormenorizada acerca de como os escritores colocam a si mesmos e
outros em cena, ajustando o foco para as finalidades dessas escolhas e suas consequências
tanto para a vida do autor como para a vida dos implicados. Para tanto, lançarei mão de um
aporte teórico atinente aos tópicos discutidos. Em síntese: a) para tratar das noções de autor:
Roland Barthes, Michel Foucault, Giorgio Agamben e Roger Chartier; b) Em relação à
responsabilidade do escritor: Gisèle Sapiro e Agnès Tricoire; c) a respeito da literatura como
instituição e a liberdade que ela fornece de ―tudo dizer‖: Jacques Derrida; e d) no que tange à
ação ética: Marilena Chaui.
Palavras-chave: Autoficção. Justiça. Responsabilidade. Ética. Liberdade de Criação
Literária.