Nota de Pesar pela morte de Marília Rothier Cardoso

A coordenação do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Espírito Santo manifesta seu pesar pela morte da Prof.ª Dr.ª Marília Rothier Cardoso, aos 81 anos, nesta madrugada. 

Eminente pesquisadora no campo da Literatura Brasileira e da Crítica Literária, aposentada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), bolsista de produtividade em pesquisa (nível 1D) pelo Conselho Naciona de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a professora fez sua graduação pela Universidade Federal de Minas Gerais e cursou mestrado e doutorado pela PUC-Rio, onde defendeu dissertação de mestrado sobre romance de Osman Lins, sob orientação do Prof. Dr. Affonso Romano de Sant'Anna, e tese de doutorado sobre a crônica de Machado de Assis, sob orientação do Prof. Dr. Luís Costa Lima.

A querida colega muito contribuiu com o nosso Programa, ao longo dos anos: além de ter sido um farol de dedicação, competência e generosidade, publicou e avaliou inúmeros artigos para a revista Contexto; participou de bancas de mestrado e doutorado sobre a obra de Machado de Assis (sendo as mais recentes as de Wolmyr Aimberê Alcântara Filho e Andressa Vieira); realizou diversas palestras; e, especialmente, ministrou a primeira aula inaugural de nosso curso de doutorado em Letras, no semestre 2011/1 (o curso iniciou-se em 2010/2, mas foi a partir de 2011/1 que passamos a adotar essa prática regularmente).

Finalmente, a professora Marília era considerada uma segunda mãe pelo prof. Wilberth Salgueiro, fundador do PPGL/Ufes, que, em suas redes sociais, assim se manifestou: "Ela foi e é a pessoa mais importante em minha formação intelectual e de todo tipo. Foi minha professora na graduação na Uerj e foi das minhas bancas de mestrado e doutorado. Escreveu um texto para meu primeiro livro. Participou de bancas de orientandos meus aqui na Ufes, onde fez mais de uma conferência. Sempre discreta, com uma generosidade imensa, por onde passava deixava seu perfume de inteligência, ponderação, bom senso, argúcia. Vivia em meio a livros, leituras, escritas – era o seu mundo preferido. Por isso, em 2004, dediquei a ela o soneto abaixo, onde eu digo, em síntese, da admiração e do amor que eu tinha e tenho por ela". O soneto em questão foi publicado originalmente em Personecontos, e segue reproduzido abaixo:

MARÍLIA

O mundo de Marília resumia-se

em transformar o mundo, tão-somente.

Camuflada de amiga ora de amante,

era mina de muitas mil miríades.

 

Cada palavra sua tinha a mágica.

Cada gesto criava mais impérios.

Querendo tudo, como quem não quer,

quis, à Macunaíma, transformar-se.

 

Mas enjoou de ser estrela. Quis

algo sertão: virou Diadorim.

Cansou-se do sinal (tal: ∞) de infinito.

 

Queria agora trama com capítulos:

foi Nina, Bovary, Ceci, Virgília...

Tornou-se, enfim, o Livro: Marilíada.

 

Em nome da gratidão por toda a contribuição da professora com o PPGL/Ufes, principalmente em seus anos iniciais, e da histórica relação entre ambos, manifestamos nossas condolências ao nosso colega e as estendemos aos familiares, amigos e admiradores. O velório ocorrerá amanhã, 31/07/2025, quinta-feira, a partir das 9h, no Cemitério S. João Batista, na cidade do Rio de Janeiro.

 

Prof.ª Dr.ª Maria Amélia Dalvi

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Letras

Universidade Federal do Espírito Santo

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