LITERATURA E POLÍTICA:
CONFLITOS, DITADURAS, GUERRAS EM VERSO E PROSA
Nome: VITOR BOURGUIGNON VOGAS
Data de publicação: 22/11/2024
Banca:
Nome | Papel |
---|---|
JOSÉ HÉLDER PINHEIRO | Examinador Externo |
MARCELO FERRAZ DE PAULA | Examinador Externo |
NELSON MARTINELLI FILHO | Examinador Interno |
PAULO ROBERTO DE SOUZA DUTRA | Examinador Interno |
WILBERTH CLAYTHON FERREIRA SALGUEIRO | Presidente |
Resumo: Com um caráter declaradamente fragmentário, esta tese propõe uma grande reflexão, a partir
de textos literários, sobre a mentalidade de extrema-direita que voltou a prosperar no Brasil
contemporâneo, governou o país de 2019 a 2022 e, no limite, remonta ao nazifascismo que
culminou com a Segunda Guerra Mundial. Ao longo das páginas a seguir, pretendo examinar
como essa ideologia, ou “sistema de pensamento” (LEVI, 1988, p. 7), ressoa em nosso presente,
fazendo uma escala nas ditaduras do Cone Sul nos anos 1970. Para isso, encadeio sete ensaios
sobre autores diversos, constitutivos da primeira parte da tese, seguidos por uma compilação de
39 Cordéis Políticos de minha autoria, apresentados na segunda parte. Os capítulos seguem um
eixo norteador: todos vão desaguar no fenômeno do recrudescimento da extrema-direita no
Brasil, com raízes distantes, resgatadas no decorrer do trabalho. A olho nu, os capítulos poderão
ser vistos como independentes – e assim também poderão ser lidos. Ao mesmo tempo, dialogam
entre si, formando em seu conjunto uma totalidade cronológica e coesa, erigida em torno de
uma ideia central que os perpassa a todos: de um lado, o autoritarismo político em diferentes
facetas; do outro, uma literatura, em prosa e verso, de testemunho e de resistência política em
múltiplas abordagens e dimensões artísticas, a qual precisamente se levanta, pela via da arte,
contra variadas formas de autoritarismo e violência estatal no curso da História. Eis a oposição
fundamental de que aqui tratarei. Para isso, percorrerei, de maneira crítica e analítica, textos
líricos e narrativos (em sua maior parte, de testemunho direto ou solidário) de autores como
Primo Levi, Svetlana Aleksiévitch, Raul Seixas, Luisa Valenzuela, Bernardo Kucinski, Pedro
Tierra, Beatriz Leal e Alex Polari, culminando com uma compilação de meus Cordéis Políticos
produzidos ao longo da última década (2014-2024), como jornalista profissional. Minha análise
será alicerçada nos aportes críticos, teóricos e filosóficos de pensadores como Theodor Adorno,
Jaime Ginzburg, Márcio Seligmann-Silva, Jeanne Marie Gagnebin, Alfredo Bosi, Maria Zilda
Cury e Alberto Pucheu. Na junção dos fragmentos deste grande mosaico oferecido aos leitores,
espero que sobressaia o argumento fulcral que proponho: a premissa ideológica em que se
fundamenta o nazifascismo, sistema de pensamento que não apenas admite a ideia de
eliminação sumária do outro como a exercita, hoje encontra condições propícias para voltar a
prosperar no Brasil, em versão atualizada, condensada no “bolsonarismo”, assim como
encontrou campo fértil para vicejar na ditadura civil-militar brasileira de 1964-1985 e nos
concomitantes regimes de exceção de países vizinhos como a Argentina.
Palavras-chave: política; violência; autoritarismo; testemunho; resistência.