O HABITUS DO LEITOR LITERÁRIO: o professor de Língua Portuguesa da rede estadual do Espírito Santo

Nome: RONIS FARIA DE SOUZA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 30/09/2016
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
ADELIA MARIA MIGLIEVICH RIBEIRO Orientador
MARIA AMÉLIA DALVI SALGUEIRO Co-orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
MARCELO FETZ DE ALMEIDA Suplente Interno
MARIA JOSE ANGELI DE PAULA Examinador Interno

Páginas

Resumo: Esta tese tem como sujeitos de pesquisa os professores de Língua Portuguesa que atuam no Ensino Médio da rede estadual do Espírito Santo e visa a problematizar sua relação com a literatura. Busca-se responder, na perspectiva do sociólogo Pierre Bourdieu, a questão: qual o habitus desse professor e a implicação em sua formação de leitor literário? O objetivo principal é investigar a história de contato do professor de Língua Portuguesa com a leitura literária e a construção da intimidade com o livro, sua real proximidade, o desenvolvimento do gosto como capital cultural e estratégia de distinção social entre forças que agem num campo social, a partir do conceito de habitus que revela, por sua vez, o processo de naturalização de condutas sociais que classificam, separando ou agregando indivíduos. A fim de se obter resultados com representatividade estatística, todos os professores da rede estadual com esse perfil foram abordados, abrangendo-se as 11 Superintendências Regionais de Educação. A pesquisa quantitativa de caráter exploratório, descritivo e explicativo fez uso, na coleta de dados, de um questionário com questões abertas e fechadas respondidas diretamente pelo docente por meio eletrônico. Na primeira parte do estudo, discutiu-se o papel social da leitura e a associação histórica entre incentivo literário e política de Estado. Além disso, é apresentada uma revisão bibliográfica a balizar a construção e análise do objeto de estudo. Os resultados do campo, na segunda parte da tese, expõem a delicada questão da relação do professor com o texto literário, se como uma fonte de fruição ou mera obrigação, as origens de uma atitude ou outra, o espaço da literatura na sociedade e as questões atinentes à condição social do sujeito que se forma professor hoje e que retrata um certo “Brasil Leitor” ao mesmo tempo em que impacta o projeto futuro de criação de um novo “Brasil Leitor” a sair dos bancos escolares. A amostra analisada num empenho multidisciplinar que entrecruza literatura, educação e sociologia permite concluir a presença do habitus na constituição do gosto literário do professor-leitor. Desse modo, tem-se hoje expressivo número de docentes provenientes de famílias com baixíssimos níveis de escolarização, tendo alcançado de forma geral apenas o 1º ciclo do Ensino Fundamental, convivido quando criança em lares em que a presença do livro e da leitura eram incipientes, contudo, entre percalços e esforços conquistaram sua formação acadêmica e profissional, ainda que enfrentando barreiras relevantes para a atividade de leitura e para a evolução na carreira. A partir dessa trajetória com imbricamentos na infância e na formação, tem-se professores-leitores com um repertório de leitura marcado profundamente por obras do cânone escolar, da literatura de autoajuda, por livros-eventos e best-seller e pela ausência quase completa de interesse pelo poema.

Palavras-chave: Leitura literária. Habitus. Professor. Formação docente. Espírito Santo.

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