Uma Artista Negra do Século XIX: o Literário e o Musical em Maria Firmina dos Reis
Nome: DENISE DE LIMA SANTIAGO FIGUEIREDO
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 26/10/2022
Orientador:
Nome | Papel |
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VIVIANA MÓNICA VERMES | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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MARIA MIRTIS CASER | Examinador Interno |
PAULA REGINA SIEGA | Examinador Interno |
PAULO ROBERTO ALVES DOS SANTOS | Examinador Externo |
RÉGIA AGOSTINHO DA SILVA | Examinador Externo |
VITOR CEI SANTOS | Examinador Interno |
Páginas
Resumo: A escolha em estudar as relações entre poesia e música a partir de Cantos à beira-mar,
de Maria Firmina dos Reis, publicado a primeira vez em 1871, justifica-se pela
possibilidade de encontrar traços de musicalidade nessa obra, já que a escritora é colocada
em espaços musicais a partir de memórias orais (MORAES FILHO, 1975; GOMES,
2022), apesar de ter não ter deixado suas composições registradas em jornais, livros,
publicações. Nesse sentido, compreende-se que a falta de investigação em torno da
música não registrada de Firmina dos Reis se dá pelo fato do aniquilamento de sua
memória, que se perpetuou por décadas. Por isso, se tornou necessário o entendimento do
que gerou tanta exclusão disseminada pelas instâncias de poder, bem como o contorno de
seu projeto literário, tanto em prosa quanto em poesia, para compreensão dos recursos
estéticos escolhidos pela artista. A esse respeito, ao discorrer sobre memoricídio (BAÉZ,
2010; DUARTE, 2019) para designar o assassinato da memória ou propriamente de uma
cultura, refletiu-se acerca do processo de opressão e negação da participação das mulheres
no decurso da sociedade, sendo de suma importância conhecer outros nomes que
assentaram suas escritas efetivamente como direito, no entanto, entendendo que o espaço
reservado às mulheres negras no século XIX, nunca foi o mesmo. Dentro de recortes
interseccionais de exclusão, a morte do corpo significava também a morte da memória.
Por isso, a compreensão das escolhas políticas que atravessam a escrita de Maria Firmina
dos Reis (NASCIMENTO, 2009; 2022; SILVA, 2013; 2021; MARRA, 2020; DUARTE
(2004; 2017; LOBO, 1993) possibilitou a construção do perfil estético da escritora, o que
se espraiaria em sua musicalidade. Neste sentido, a investigação da possibilidade de
música nos versos poéticos da artista se deu a partir de categorias que exploram sua
formação clássica ocidental (OLIVEIRA, 2002; CANDIDO, 2006; PROENÇA, 1955;
CAVARERO, 2011) e sua origem afro-brasileira (GIROY, 2001; SANDRONI, 2001;
SILVA, 2005). Por todo o debate levantado, o estudo compreende que, ao alargar as
fronteiras entre literatura e música, Maria Firmina dos Reis inscreve na memória da
cultura nacional sua arte de maneira distinta, adicionando mais uma camada ao seu
projeto artístico, para combater definitivamente o memoricídio.