Raízes do Brasil e Macunaíma: narrativas e ressonâncias em torno da identidade nacional
Nome: RÉGIS FRANCES TELIS
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 06/09/2016
Orientador:
Nome | Papel |
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JÚLIA MARIA COSTA DE ALMEIDA | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ANDRÉ LUIZ DIAS LIMA | Examinador Externo |
JÚLIA MARIA COSTA DE ALMEIDA | Orientador |
LUÍS EUSTÁQUIO SOARES | Suplente Interno |
PAULO MUNIZ DA SILVA | Suplente Externo |
PEDRO ANTONIO FREIRE | Examinador Externo |
Páginas
Resumo: Pretende-se abordar o conceito de cordialidade desenvolvido por Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil, em cotejo com a rapsódia Macunaíma, de Mário de Andrade. Para tanto, devemos considerar o período de produção das respectivas obras, escritas em um contexto em que se buscava uma representação de possíveis identidades do Brasil nas décadas de 1920 e 1930, na perspectiva do Modernismo. A cordialidade, tal qual expressa por Sérgio Buarque de Holanda, seria uma característica da nossa formação social, que era avessa aos ritualismos e primava pela afetividade. Tal característica não significava simplesmente bondade, mas apenas que o caráter nacional se contrapunha o mais possível à racionalidade moderna, prezando mais as ações que vinham do coração. A análise de nossa formação por Sérgio Buarque de Holanda privilegia os aspectos psicossociais, e, junto à cordialidade, destacam-se também o personalismo, patrimonialismo, aversão à moral do trabalho, falta de senso de hierarquia e de coesão social, além de falta de senso étnico. Essa percepção pode ser relacionada à rapsódia de Mário de Andrade, que destaca um personagem que preza uma ética de fundo emotivo, caracterizado por um espírito aventureiro, displicente, luxurioso e personalista. O Brasil da época de Mário de Andrade e Sérgio Buarque de Holanda vivia um momento de transição entre a mentalidade oligárquica e patriarcal e a exigência de uma atualização da Inteligência nacional. Nessa perspectiva, os autores em estudo fazem uma leitura da nossa nacionalidade em formação, criando uma representação daquilo que, em seus projetos, correspondia melhor a uma identidade nacional brasileira. Autores como Benedict Anderson, Homi Bhabha, Stuart Hall e Silviano Santiago fornecem uma perspectiva para indagar essas narrativas literárias e historiográficas como modos de narrar a nação, tensionada entre o rural e o urbano, o antigo e o moderno, a homogeneidade e a diferença.